Consoante a Sagrada Escritura, em um dado momento da relação de Cristo com os discípulos, houve uma causticante questão sobre a identidade de Jesus.
Marcos, Mateus e Lucas, três evangelhos conhecidos com sinóticos, em vertentes e acentos distintos, apresentam o mesmo questionamento acerca do homem a quem seguiam (Mc 8,27-29; Mt 16, 13-20; Lc 9, 18-21). Percebe-se, aos olhos dos escritores e daqueles que os leem, o interesse de apresentar quem é Jesus.
Num plano geral, os evangelistas Marcos e Mateus situam essas indagações num território concreto em meio à viagem para Jerusalém, nos arredores de Cesareia de Filipe (Mc 8, 27; Mt 16, 13), cidade situada no extremo norte da Palestina, junto às fontes do rio Jordão. Chamada por esse nome pelo soberano Herodes Filipe para distingui-la das outras Cesareias. Essa precisão topográfica não é apontada pelo autor do evangelho atribuído a Lucas a quem a geografia é tão importante em sua literatura evangélica. O questionamento sobre a identidade de Jesus, contudo, é similar aos três hagiógrafos. Deve-se dizer que no evangelho de João, embora seja tacitamente marcada por uma resposta concreta a esse questionamento, a pergunta sobre a identidade de Jesus não é feita de forma tão explícita quanto a que nos referimos nos escritos sinóticos.
• Sinóticos: etimologicamente, temos συν, “syn” («junto») e οψις, “opsis” («ver»), o que
significa ver juntos.
• Hagiógrafo: aquele ou aquela que escreve textos religiosos, sagrados.
• Marcionismo: doutrina considerada herética nos primeiros séculos do Cristianismo, pois
considerava inconciliável qualquer relação entre o Antigo e o Novo Testamento.